Trabalhar no Canadá? Atualizado – 2020.
Trabalhar no canadá: resumo de opções e requerimentos
Só em 2019, mais de 340 mil pessoas imigraram para o Canadá, sendo 5 mil brasileiros. Cerca de 22% da população do país é composta por imigrantes, de acordo com o censo de 2016, fazendo do Canadá uma das nações mais multiculturais do mundo. Mas por que tanta gente quer viver no Canadá?
Além de receber muito bem os imigrantes, o país tem uma das melhores qualidades de vida do mundo, ficando em 4º lugar no ranking da OECD, e tendo três cidades na lista das 10 melhores cidades para se viver da Economist Intelligence Unit – Toronto, Vancouver e Calgary. A taxa de desemprego foi de apenas 5,6% em 2019.
Diante da alta procura, o governo canadense atualizou seu processo de imigração nos últimos anos, ficando um pouco mais rígido, mas o país ainda busca atrair imigrantes qualificados e profissionais que atendam as demandas do mercado de trabalho.
Hoje, há basicamente três formas de trabalhar no Canadá: através de um programa de estudos, através do convite de uma empresa, ou passando pelo processo de imigração permanente. Detalharemos as três formas a seguir.
Trabalhar e estudar
Para trabalhar legalmente no Canadá, é preciso de um work permit, uma permissão de trabalho. Ao contrário de países como a Irlanda, alunos de cursos de idiomas não têm direito a essa permissão. No entanto, alguns programas de estudo em colleges e universidades permitem trabalhar dentro de certas condições.
Os programas co-op são cursos que incluem um período de estágio para obtenção do diploma. O objetivo aqui não é tanto ganhar dinheiro, mas sim experiência profissional. Além do estágio obrigatório, este tipo de programa permite que os estudantes trabalhem até 20h por semana no período de aulas, sem a necessidade de um work permit, para ajudar a financiar seus estudos.
Outra alternativa é investir em um programa de ensino superior no Canadá, como uma pós-graduação, mestrado ou MBA. Além de permitir trabalhar até 20h por semana, como os programas co-op, muitos programas de ensino superior dão direito ao Post-graduation Work Permit (PGWP).
O PGWP é uma permissão de trabalho concedida aos alunos que se formam, para que possam ganhar experiência profissional em sua área. É preciso consultar a lista oficial do governo para verificar se a instituição de ensino oferece este tipo de permissão.
Ter uma experiência profissional no Canadá conta pontos para o processo de imigração, que detalharemos a seguir, caso seu plano seja se mudar para o país no futuro.
Trabalhar a convite de uma empresa
Outra forma de obter permissão para trabalhar no Canadá é tendo uma oferta de emprego de uma empresa canadense. Para isso, a empresa deve emitir um LMIA (Labour Market
Impact Assessment).
O problema é que este é um processo caro e complexo, e nem todas empresas podem estar dispostas a fazê-lo. O LMIA exige que a empresa mostre ao governo que não há residentes aptos a exercer a profissão para poder buscar funcionários em outro país. Este processo pode demorar até 16 semanas.
Em alguns casos, o LMIA pode não ser necessário, porém é preciso consultar os critérios estabelecidos pelo governo, ou entrar em contato diretamente com o empregador.
Importante lembrar que esta permissão de trabalho não dá direito a residência permanente, e só é válida enquanto o funcionário trabalhar na mesma empresa pela qual foi contratado.
Para procurar vagas de emprego disponíveis no país, é possível utilizar o Job Bank, uma plataforma do próprio governo canadense.
Imigrar para o Canadá
Com exceção de refugiados ou de indivíduos que tenham família no Canadá, a maioria dos brasileiros opta pelo Express Entry, um sistema introduzido em 2015 que seleciona pessoas com características e habilidades específicas para imigrar.
Cada candidato ganha pontos, com base em critérios como idade, formação, experiência profissional, proficiência na língua, etc. Candidatos com mais pontos têm mais chances de receber um convite para imigração. A lista completa de critérios avaliados pode ser consultada aqui. Para calcular a quantidade de pontos, basta responder a este questionário do governo canadense.
Antes de candidatar-se, é preciso verificar se a profissão está listada na lista do National Occupation Classification (NOC). Cada profissão tem um código e é classificada de acordo com as seguintes categorias:
(zero) – Cargos de direção ou administradores de negócios.
A – Profissões que geralmente exigem formação superior, como engenheiros, biólogos, arquitetos, programadores, dentistas, jornalistas, músicos, etc.
B – Profissões técnicas, cujas habilidades podem ser adquiridas através de cursos profissionalizantes ou da própria experiência profissional, como mecânicos, técnicos de manutenção, fotógrafos, decoradores, atletas, barbeiros, cozinheiros, etc.
As categorias C e D correspondem a trabalhos com menor nível técnico, e não são elegíveis para candidatar-se a este programa de imigração. A lista de todas as profissões com os respectivos códigos e categorias pode ser consultada aqui.
O Express Entry três modalidades, que detalharemos a seguir:
Federal Skilled Worker
Este programa é destinado a trabalhadores com experiência profissional de, no mínimo, um ano em profissões das categorias 0, A ou B. É necessário ter formação superior e ter seu diploma reconhecido por uma instituição canadense – um processo conhecido como Educational Credential Assessment (ECA). Também é preciso atingir uma pontuação mínima no teste de proficiência no idioma. Não é preciso ter uma oferta de emprego, apesar de contar mais pontos para o processo.
Esta modalidade utiliza um outro sistema de pontos para determinar se um candidato é elegível, onde é preciso pontuar, no mínimo, 67 para candidatar-se. Uma vez classificado, o candidato será submetido ao mesmo sistema de pontos das outras modalidades, como mencionado acima.
Federal Skilled Trades
Este programa é destinado a trabalhadores com experiência profissional de, no mínimo, dois anos em uma ocupação da categoria B, que inclui profissões como encanadores, eletricistas e chefs de cozinha. Não é necessário ter formação superior (apesar de contar pontos), e as exigências de idioma são um pouco mais baixas, porém é necessário ter uma oferta de emprego, ou um certificado de qualificação emitido por uma autoridade canadense.
Canadian Experience Class
Este programa é destinado a trabalhadores das categorias 0, A ou B que já possuem experiência profissional no Canadá, e querem se tornar residentes permanentes. É preciso ter trabalhado, no mínimo, um ano dentro do país nos últimos 3 anos. Neste caso, não é preciso ter uma oferta de emprego, nem formação superior. No entanto, ainda é preciso fazer um teste de proficiência no idioma.
Algumas pessoas optam por estudar no Canadá antes de imigrar através desta modalidade, pois muitos programas de estudo contam com um estágio ou dão direito a trabalhar em meio turno durante o curso, assim é possível ganhar experiência profissional dentro do país.
Trabalhar no Canadá: opções e requisitos
Passo-a-passo para candidatar-se ao Express Entry
Antes de mais nada, é preciso ter certeza que o seu perfil atende todos os requisitos exigidos pelo governo canadense, como ter um passaporte válido, uma profissão em uma das categorias abrangidas por cada modalidade e ser proficiente na língua. O Express Entry é um processo exigente e que requer muita paciência.
1) Faça um teste de proficiência
Para comprovar suas habilidades na língua, é preciso fazer um teste de proficiência: IELTS ou CELPIP (que não é aplicado no Brasil) para inglês; TEF ou TCF para francês. O idioma vai depender da província onde você for trabalhar, ou dos requisitos do emprego. Candidatos que falam as duas línguas ganham mais pontos no processo.
O IELTS é o teste mais procurado pelos brasileiros. Ele é aplicado em papel e no computador em muitas grandes cidades do Brasil, e atualmente custa entre R$900 e R$940.
O agendamento pode ser feito através do site do British Council.
Após receber os resultados, é preciso comparar as pontuações de cada teste com as tabelas do CLB (inglês) ou NCLC (francês) para descobrir o seu nível de proficiência. O programa Federal Skilled Worker, por exemplo, exige um CLB ou NCLC de, no mínimo, 7 para candidatar-se.
Caso você já tenha feito algum teste de proficiência no passado, verifique o vencimento. É preciso que o teste seja válido na data de inscrição no programa e durante os 12 meses que o seu perfil fica ativo no site do governo canadense. A maioria dos testes são válidos por dois anos.
2) Revalide seu diploma ou certificado
Para algumas categorias de trabalho, será necessário comprovar sua formação obtida no exterior. Para isso, é preciso validar seu diploma ou certificado brasileiro através do Educational Credential Assessment (ECA). O processo é feito por uma das instituições designadas pelo governo canadense. Uma das mais utilizadas pelos brasileiros é a World Education Services.
Na maioria dos casos, será preciso enviar via correio uma cópia do diploma ou certificado, junto com o histórico escolar e a tradução juramentada (caso os documentos estejam em português).
3) Opcional: Obtenha uma oferta de emprego
Uma forma de garantir uma pontuação alta no Express Entry é tendo uma oferta de emprego de uma empresa canadense (LMIA), o que concede ao candidato 600 pontos. Mas, como mencionamos acima, não é uma tarefa fácil, já que a empresa precisa estar disposta a arcar com os custos da burocracia e comprovar que não há trabalhadores no Canadá que possam exercer a mesma função.
Outra forma de ganhar 600 pontos é através do Provincial Nominee Program (PNP), recebendo um convite de uma das províncias, que muitas vezes buscam candidatos com características específicas para atender suas necessidades. Os requisitos podem ser consultados nos sites: Alberta, British Columbia, Manitoba, New Brunswick, Newfoundland and Labrador, Northwest Territories, Nova Scotia, Ontario, Prince Edward Island, Saskatchewan, Yukon.
Quebec não está na lista, pois a província tem um processo de imigração totalmente diferente.
4) Crie seu perfil na plataforma de imigração
Após reunir todos os documentos necessários, é preciso responder a este questionário do governo canadense para dar início ao preenchimento do seu cadastro. É preciso ter em mãos os resultados do teste de proficiência da língua, caso contrário não será possível concluir esta etapa. Você pode salvar os dados e continuar depois, caso necessário.
Caso você esteja se candidatando em casal ou em família, apenas uma pessoa deve fazer o cadastro e incluir as informações do cônjuge ou dos filhos no mesmo processo.
Durante o preenchimento do cadastro, não minta em hipótese alguma, pois você terá que comprovar todas as informações que foram submetidas. Caso o governo descubra que você deu informações falsas, você pode ser proibido de se candidatar ao processo de imigração por 5 anos.
Após concluir o cadastro e enviar a candidatura, é preciso aguardar o próximo invitation round, quando o governo escolhe os candidatos com melhor pontuação e envia um convite para continuar no processo de imigração. Para ter uma ideia da quantidade de candidatos e suas pontuações, é possível consultar os resultados das últimas invitation rounds nesta página.
Enquanto você aguarda, é possível adiantar alguns dos documentos do próximo passo.
5) Reúna o restante dos documentos
Caso você tenha recebido o convite para continuar no processo: parabéns! Agora você terá 60 dias para reunir o restante dos documentos necessários: certidão de antecedentes criminais, exame médico e comprovação de fundos. Além disso, também será necessário pagar uma taxa, que atualmente é de CAD$ 1.325 por pessoa.
A certidão de antecedentes criminais é emitida pela Polícia Federal, e tem validade de 90 dias.
O exame médico deve ser feito por um dos médicos autorizados pelo governo canadense. A lista de médicos em todo o Brasil pode ser consultada nesta página. Serão examinados aspectos gerais, como batimentos cardíacos, pressão, visão, etc. Instruções mais detalhadas sobre o que levar são enviadas aos candidatos que recebem o convite da imigração.
A comprovação de fundos só é necessária para os candidatos das modalidades Federal Skilled Worker e Federal Skilled Trades que não tenham uma oferta de emprego, e consiste em um documento oficial do banco ou da Receita Federal que prove que você tem dinheiro suficiente para começar a vida no Canadá. O mínimo necessário para uma pessoa é de CAD$ 12.960 (cerca de R$ 45.000).
É importante lembrar que todos os documentos que estejam em português devem ser traduzidos para inglês ou francês por um tradutor juramentado.
Caso você não tenha recebido o convite da primeira vez, seu cadastro fica ativo por até 12 meses antes de expirar. Por isso, não é preciso criar um novo cadastro para tentar novamente.
6) Aguarde a aprovação do processo
Quando você chegar ao fim do processo, que pode levar até 6 meses, e for aprovado, você receberá um Confirmation of Permanent Residence (COPR) e um visto de residente permanente. Aí é hora de começar os preparativos, como arrumar moradia, emprego, etc. Mas isso é assunto para outro post!
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Ronaldo Terra