Estudar fora do país é uma experiência que pode mudar sua vida, e cada vez mais pessoas escolhem o Canadá como destino para obter uma formação acadêmica.
Além de ter uma das melhores qualidades de vida do mundo, o país tem 21 universidades entre as 500 melhores do mundo, segundo o QS World University Rankings. Em 2018, o país recebeu mais de 570 mil estudantes internacionais, sendo a grande maioria da Índia e China.
As instituições financeiras oferecem programas de estudo com qualidade altíssima e preço competitivo. Além disso, o custo de vida no país é muito mais baixo do que em países como Estados Unidos e Reino Unido, e alunos que concluem um curso superior tem grandes chances de se tornarem imigrantes permanentes no futuro.
Caso você seu objetivo seja estudar no Canadá, o ideal é começar o planejamento com pelo menos um ano de antecedência, pois é preciso tempo e paciência para candidatar-se em uma universidade, reunir todos os documentos necessários e providenciar o visto a tempo do início do ano letivo.
As exigências podem variar de acordo com cada província e instituição de ensino, mas geralmente será preciso comprovar seu conhecimento na língua (inglês ou francês) com um teste de proficiência, e provar que você tem os recursos necessários para se sustentar no país durante os estudos.
Abaixo detalharemos o processo de planejamento e inscrição em um programa de estudos no Canadá para que não restem dúvidas.
No Canadá, toda formação obtida após a conclusão do ensino médio é considerada post-secondary education. Programas de ensino superior são oferecidos por colleges e universidades.
Os colleges oferecem cursos geralmente mais práticos, voltados aos estudantes que querem estudar e ingressar rapidamente no mercado de trabalho. Já as universidades têm um perfil mais teórico e acadêmico, voltados principalmente para aqueles que desejam seguir carreira em áreas como engenharia ou medicina, por exemplo.
Isso não quer dizer que uma seja melhor que a outra, apenas que cada tipo de instituição é mais adequada para diferentes tipos de perfis e objetivos.
Dito isso, o primeiro passo é pesquisar e escolher um ou mais programas de estudo que você tenha interesse. Para isso, é possível utilizar esta ferramenta do governo canadense, que permite buscar programas em todo o país e filtrar os resultados de acordo com o nível de educação, área de estudos e localização. Os sites Universities Canada e Study in Canada também oferecem ferramentas parecidas, com milhares de programas cadastrados.
As informações mais completas e atualizadas sempre estarão nos sites das universidades, por isso não deixe de utilizá-los também.
É importante lembrar que apenas instituições designadas podem receber estudantes estrangeiros. Para isso, é preciso consultar a lista das Designated Learning Institutions (DLI) para confirmar que a instituição esteja na lista.
Para quem deseja estudar em francês no Canadá, o site da Assotiation des collèges et universités de la francophonie canadienne (ACUFC) pode ser útil.
Uma das principais diferenças entre o ensino superior do Brasil e do Canadá está na nomenclatura. Enquanto no Brasil os estudantes fazem se formam em um “curso”, como de direito, administração ou farmácia, no Canadá os formandos possuem um major e um minor. O major é sua área de graduação, na qual você pretende seguir carreira. Um minor é uma área secundária, na qual o aluno cursou algumas disciplinas, podendo ser relacionado ou completamente diferente da sua área de especialização. Por exemplo: é possível ter um major em biologia e um minor em sociologia. A grade de disciplinas geralmente é montada pelos próprios alunos, respeitando uma quantidade mínima de créditos para graduar-se.
Outra diferença diz respeito ao pagamento. A maioria das universidades no Canadá exigem o pagamento da tuition do semestre em parcela única, e não em mensalidades, como ocorre no Brasil. O que muitas pessoas fazem é financiar o valor com um banco no Brasil, já que os bancos canadenses não oferecem crédito aos estudantes estrangeiros.
Muitas instituições oferecem bolsas de estudo, porém além de disputadíssimas, elas geralmente só permitem candidaturas após o primeiro semestre. Ou seja, é preciso já estar estudando na instituição para concorrer à bolsa. Além disso, boa parte das bolsas está disponível apenas para estudantes canadenses.
Importante: Quem concluiu o ensino médio recentemente no Brasil, após as novas regras entrarem em vigor, pode entrar diretamente em um curso de graduação ou bacharelado no Canadá. Alunos que se formaram antes da reforma possuem um ano a menos de escola, por isso será preciso fazer um ano de High School no Canadá, ou um ano de faculdade no Brasil antes de estudar fora.
Após escolher um ou mais programas de estudo do seu interesse, é hora de candidatar-se a uma vaga. Ter mais de uma opção pode ser uma boa ideia, mas é preciso levar em conta a taxa de inscrição de cada programa, que pode variar entre CAD$ 100 e CAD$ 200.
Cada instituição possui seu próprio processo de candidatura. A única exceção é a província de Ontario, que possui um sistema unificado de candidatura. Fique atento aos prazos de inscrição, que geralmente vão até dezembro ou janeiro, e também às exigências de cada instituição. Além do teste de proficiência e do histórico escolar, muitas instituições podem exigir cartas de recomendação e uma carta de motivação onde o candidato explica por que quer estudar lá.
Lembre-se de que, nos casos em que a instituição exige o diploma ou certificado dos seus cursos anteriores, será preciso enviar uma tradução juramentada dos documentos que não estejam em inglês ou francês.
Para estudar em qualquer college ou universidade no Canadá, é preciso comprovar um nível mínimo de inglês (ou francês, dependendo do caso).
Os dois testes de proficiência de inglês mais aceitos no Canadá e no mundo são o TOEFL e o IELTS. É preciso atingir uma pontuação mínima, que pode variar de acordo com a instituição e grau do programa de ensino. Algumas universidades exigem uma pontuação mínima geral, enquanto outras podem exigir uma pontuação mínima em cada uma das habilidades (reading, listening, speaking e writing).
A principal diferença entre o TOEFL e o IELTS é que o primeiro utiliza o inglês americano, enquanto o segundo utiliza o britânico. Outra grande diferença é que o teste de speaking é feito cara-a-cara com um avaliador no IELTS, enquanto no TOEFL iBT é tudo feito pelo computador, o que deixa algumas pessoas nervosas na hora de falar.
Os testes são aplicados em diversas cidades em todo o Brasil. O endereço dos centros de testagem e as datas disponíveis para agendamento podem ser consultadas no site do TOEFL e do IELTS.
A taxa de inscrição do TOEFL é de 215 dólares americanos (cerca de 1200 reais), enquanto a do IELTS é de 920 reais (940 para Manaus, Belém e Boa Vista).
Ambos testes possuem uma validade de dois anos, por isso é preciso que o certificado seja válido até o momento de candidatura.
Caso você não atinja a pontuação necessária, é possível ir para o Canadá para fazer um curso de inglês específico para o ingresso em universidades, geralmente chamado de Pathway, até que você atinja o nível necessário.
Uma vez aceito no programa de estudos para qual você se candidatou, é hora de providenciar o visto!
Qualquer programa de estudos com duração maior que 6 meses exige um visto de estudos (study permit) para ingresso e permanência no Canadá. As exigências são um pouco diferentes do visto de turista.
Para solicitar o visto, é preciso ter: 1) um passaporte válido; 2) uma carta de aceite da instituição de ensino; e 3) uma comprovação de fundos, que serve para mostrar que você tem recursos suficientes para pagar os estudos e se sustentar no Canadá. A província de Quebec tem algumas exigências extras, que podem ser conferidas nesta página.
O governo canadense sugere a comprovação de, no mínimo, CAD$ 10.000 (cerca de 40.000 reais) por cada ano de estudo, somado aos custos do programa de estudo.
O processo de solicitação do visto é quase todo feito online, a partir deste site. Tenha todos seus documentos em mãos e esteja preparado para pagar a taxa, que é de CAD$ 150. Também será preciso pagar CAD$85 pela coleta dos dados biométricos, que pode ser feita em um dos centros autorizados no Brasil – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Recife.
O governo canadense pode – mas não necessariamente vai – pedir documentos extras, como exame médico e certidão de antecedentes criminais em alguns casos.
Segundo o Statistics Canada, a média das tuition fees (preço total do curso) pagas por estudantes internacionais em programas de graduação é de cerca de CAD$ 29.000. O custo depende muito da instituição e da área de estudos. Programas nas áreas de ciências humanas são geralmente os mais baratos, custando uma média de CAD$ 5.542. Já programas de engenharia e medicina são os mais caros custando geralmente acima de CAD$ 20.000.
Programas de pós-graduação tendem a ser mais baratos, custando uma média de CAD$ 13.437. Programas de MBA, no entanto, são muito mais caros, custando em média CAD$ 56.328.
Além dos gastos com educação, é preciso considerar os gastos com alimentação, moradia, lazer, etc. Apesar do governo canadense exigir a comprovação de CAD$ 10.000 por ano para sustentar-se no país, o valor gasto geralmente é maior. A Universidade de Montréal, por exemplo, estima um gasto de CAD$ 14.700 por ano, incluindo moradia, alimentação, livros, telefonia móvel e gastos variados. Já a Universidade de British Columbia sugere o valor de CAD$ 15.500 por ano.
Apesar de não ser um país barato, o Canadá tem um custo de vida menor que países concorrentes, como EUA, Reino Unido e Austrália. De acordo com o Mercer Cost of Living Survey, Vancouver é a cidade mais cara do Canadá, ficando na 112a posição na lista das cidades mais caras do mundo, seguida por Toronto (115), Montreal (139), Calgary (153) e Ottawa (161), muito abaixo de cidades como Nova York (9), Los Angeles (18) e até São Paulo (86).
Um dos maiores gastos será com acomodação. O aluguel de um apartamento de dois quartos custa, em média, CAD$ 1.500 por mês. No entanto, estudantes têm a opção de morar em residências estudantis ou em dormitórios da própria universidade, pagando valores entre CAD$ 250 e CAD$ 500 por mês. A maioria das universidades possuem um departamento dedicado a ajudar os alunos a arranjarem moradia.
Já com alimentação, espere gastar entre CAD$300 e CAD$400 por mês, o suficiente para comprar bastante comida no supermercado, e comer fora uma vez ou outra. Uma refeição em um restaurante econômico custa entre CAD$ 10 e CAD$ 15, porém é possível economizar comendo nos refeitórios estudantis.
O transporte público é acessível, e estudantes geralmente ganham descontos: em Toronto, por exemplo, uma passagem de ônibus ou metrô custa CAD$ 3,25, e o passe mensal pode ser adquirido por CAD$ 128. Já em Montréal, estudantes pagam apenas CAD$ 52 no passe mensal de transporte urbano.
Dependendo de onde for estudar, considere também o gasto com seguro saúde, pois nem todas as províncias oferecem acesso ao sistema público de saúde aos estudantes estrangeiros. Em British Columbia, por exemplo, estudantes tem direito a saúde pública, mas a cobertura só começa no terceiro mês. Em Ontario, os estudantes devem aderir ao University Health Insurance Plan (UHIP), que tem convênio com a maioria das universidades. Já em Quebec, estudantes estrangeiros devem contratar seu próprio seguro.
Para ajudar a financiar os estudos, o governo canadense permite que os estudantes estrangeiros trabalhem legalmente no país, sem precisar de um work permit, desde que o trabalho não passe de 20h por semana durante o período letivo, ou 40h por semana durante as férias e recessos.
Além disso, muitos programas de estudo dão direito a um Post-Graduation Work Permit (PGWP), que dá ao estrangeiro a chance de trabalhar no Canadá depois de formado, para que ganhe experiência na área de formação. A validade da permissão vai ser proporcional à duração do programa de estudos.
Nem todos os programas de estudo oferecem esta o PGWP. É preciso consultar a lista oficial do governo canadense para verificar se a instituição de ensino está listada. Em geral, apenas os programas full-time com duração acima de oito meses, ou que concedam um grau (como bacharelado ou mestrado), dão direito ao PGWP.
Ter uma experiência de trabalho no Canadá é importantíssimo caso você esteja pensando em se mudar permanentemente ao país no futuro, já que conta pontos no processo de imigração.
Press on,
Ronaldo Terra